Pesquisa Quaest: rompido com Waguinho, Canella lidera em Belford Roxo com 51%; sobrinho do atual prefeito marca 25%
Márcio Canella, apoiado por Bolsonaro, e Waguinho, que se aproximou de Lula: de aliados a adversários — Foto: Reprodução e Fábio Rossi / Agência O Globo
Deputado estadual já foi vice do atual gestor, que agora tenta emplacar o parente à sucessão depois de romper com o antigo aliado
Na pesquisa espontânea, na qual os nomes dos candidatos não são apresentados ao entrevistado, o percentual de indecisos aumenta para 70%, apontando uma disputa potencialmente aberta. Ainda assim, Canella mantêm-se numericamente com mais do que o dobro da fatia do principal adversário: ele tem 19%, enquanto Matheus surge com 8%, além de 1% para a opção "outro" e 2% de branco/nulo.
Com dois nomes despontando como favoritos neste início de corrida eleitoral, a Quaest simulou apenas um cenário de segundo turno. Nele, Canella conquista a preferência de 55% dos eleitores, ante 27% que optariam pelo parente do atual prefeito. Os indecisos são 8%, e branco/nulo totalizam 10%.
Antigos aliados
Em 2016, quando elegeu-se prefeito de Belford Roxo pela primeira vez, Waguinho tinha Márcio Canella como vice. A aliança permaneceu sólida até 2022, quando, em campanha conjunta, Canella e Daniela Carneiro, mulher do gestor municipal, foram os mais votados do Rio para deputado estadual e federal, respectivamente. Impulsionada pelo apoio do marido a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Baixada Fluminense em meio ao segundo turno da eleição presidencial daquele ano, Daniela chegou a ser, por alguns meses, ministra do Turismo do governo petista.
A gênese do racha passa justamente pela escolha de Waguinho sobre Lula na ocasião, já que Canella optou por caminhar com o então aspirante à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Antes mesmo disso, porém, o prefeito, à época também no União Brasil, vetou a indicação do aliado para a vice do governador Cláudio Castro (PL), que também tentaria — e alcançaria — a manutenção no cargo.
Em março do ano passado, o caldo entornou de vez quando Waguinho avisou a Canella que não o apoiaria à sucessão, optando pela aposta no sobrinho, Matheus, seu secretário municipal de Gestão e Inovação. O rompimento passou ainda por uma saída conturbada de Waguinho do União Brasil para assumir o diretório fluminense do Republicanos.
Em meio às divergências entre os antigos aliados, a Quaest mensurou o tamanho do peso do apoio de Bolsonaro e Lula na eleição municipal de Belford Roxo. Quando a chancela do ex-presidente a Canella é apresentada aos entrevistados, assim como a do atual titular do Planalto a Matheus do Waguinho, as intenções de voto do deputado estadual passam de 55% para 53%, enquanto o sobrinho do prefeito salta de 27% para 36%. Neste caso, há 4% de indecisos, e 7% optando por votar branco ou nulo.
A Quaest também perguntou se o eleitor votaria em um candidato a prefeito de Belford Roxo apoiado por Lula ou Bolsonaro mesmo sem conhecê-lo. Em ambos os casos, 69% responderam que não, com ligeira diferença numérica no "sim": 29% para o petista, 28% no caso do ex-presidente.
Avaliação do prefeito
A despeito da dificuldade inicial em alavancar a postulação do sobrinho, a gestão de Waguinho à frente da prefeitura tem avaliação positiva (42%) superior à negativa (25%), enquanto 30% a classificam como regular. Outros 3% não souberam opinar ou não responderam.
De dez áreas prioritárias elencadas pela Quaest, em seis mais de 50% dos entrevistados consideram que houve melhora com Waguinho: asfaltamento (69%), saúde (64%), educação (59%), habitação (55%), limpeza (53%) e cultura/esporte/lazer (51%). Em outras três, o total dos que enxergam piora é maior: segurança (49% a 42%), trânsito (49% a 38%) e tratamento de esgoto (48% a 38%). Por fim, foi registrado um empate numérico de 40% no quesito transporte público.
A pesquisa foi encomendada pela Rádio Tupi, do Rio de Janeiro. Foram ouvidos presencialmente 614 moradores de Belford Roxo com 16 anos ou mais, entre os dias 14 e 15 de junho. O nível de confiança é de 95%.
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